Ministério do Planejamento discute programa Rotas da Integração com mais 7 países
A segunda fase do projeto de Integração Sul-Americana, liderado pelo Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), ganhou forte impulso durante a Assembleia Anual dos Governadores do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que terminou nesse domingo, em Punta Cana, da República Dominicana. A chefe da pasta, Simone Tebet, e a delegação brasileira apresentaram e debateram as cinco rotas de integração em reuniões bilaterais ou trilaterais com sete ministros da região (Argentina, Peru, Equador, Colômbia, Uruguai, Chile e Paraguai), com os presidentes dos bancos de desenvolvimento regional (BID e CAF-Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe), além de representantes da Agência de Desenvolvimento da Suécia (SIDA) e de outros países, entre eles Alemanha, Estados Unidos, Canadá, Coreia e Espanha.
Nos encontros também ficou evidente, disse Tebet, a importância do suporte financeiro que organizado pelo Brasil e os bancos regionais de desenvolvimento para a execução das rotas de integração nos demais países da América do Sul. São US$ 10 bilhões para o projeto de integração, sendo US$ 7,5 bilhões de BID, CAF e Fonplata para a região e US$ 2,5 bilhões do BNDES para obras no Brasil.
O ministro da Fazenda da Colômbia, Ricardo Bonilla, disse, na reunião bilateral, que seu país tem como prioridade a revitalização da rodovia panamericana na Colômbia, pois essa estrada está em ótimo estado no Equador e no Peru, mas necessita de investimento no seu país. "Queremos nos integrar na rota 2 do MPO a partir da revitalização dessa rodovia", disse ele.
Na sequência o encontro bilateral foi com a delegação da Argentina. O ministro da Economia argentino, Luis Caputo, que desde fevereiro também incorporou a pasta de Infraestrutura, demonstrou muito interesse na Rota 4 (que passa pelo Norte de seu país) e pela Rota 5, (Rio Grande do Sul, no Brasil, Uruguai e Argentina), mas relatou a precariedade geral da infraestrutura argentina. Ele reforçou o diagnóstico que a equipe do MPO já fez de que a Rota 5, ao contrário das demais, já existe, mas precisa ser fortemente modernizada e revigorada.
Dentro desta rota, foram mapeados importantes projetos para o transporte, como: restauração da ponte binacional entre Uruguaiana-RS e Passo de Los Libres-ARG (já contemplado no PAC); construção de ponte binacional entre Tiradentes do Sul-RS e El Soberbio-AR; e solução do convênio de concessão da aduana da ponte binacional entre São Borja-RS e Santo Tomé-AR.
O ministro de Finanças e Economia do Peru, José Arista Arbildo, além de mostrar entusiasmo pela Rota 3 (com múltiplas saídas do Brasil, via Acre e Rondônia pelo Peru, e Mato Grosso, via Bolívia). mencionou também uma saída hidroviária pela Rota 2, que também pode desembocar no Porto de Pucalpa, no norte do Peru, mas estimulou muito o Porto de Chancay. No final da tarde de sábado, ocorreram as bilaterais com a ministra da Economia do Uruguai, Azucena Arbeleche; com o ministro da Fazenda do Chile, Mário Marcel.
"Temos tudo para consumir mais entre nós", disse Tebet, na conversa com o Uruguai. A ministra Azucena destacou a importância do comércio intrarregional entre os países do Mercosul e destacou que os países precisam trabalhar juntos em ações de aduana e desembaraço das mercadorias.
CONHEÇA AS CINCO ROTAS
1) Rota da Ilha das Guianas, que inclui integralmente os estados de Amapá e Roraima e partes do território do Amazonas e do Pará, articulada com a Guiana, a Guiana Francesa, o Suriname e a Venezuela;
2) Rota Multimodal Manta-Manaus, contemplando inteiramente o estado Amazonas e partes dos territórios de Roraima, Pará e Amapá, interligada principalmente por via fluvial à Colômbia, Peru e Equador;
3) Rota do Quadrante Rondon, formado pelos estados do Acre e Rondônia e por toda a porção oeste de Mato Grosso, conectada com Bolívia e Peru;
4) Rota de Capricórnio, desde os estados de Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina, ligada, por múltiplas vias, a Paraguai, Argentina e Chile; e
5) Rota Porto Alegre-Coquimbo, abrangendo o Rio Grande do Sul, integrada à Argentina, Uruguai e Chile.
Com informações de: MPO
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O X Seminário Internacional OEA celebra os 20 anos do Instituto Procomex e 10 anos do Programa Brasileiro de OEA, tendo como enfoque principal a jornada até o presente e os desafios para o futuro do comércio exterior da região.
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A balança comercial do país encerrou o primeiro bimestre com exportações e superávit recordes para o período. Os destaques foram para o avanço da indústria extrativa na receita de embarques e para o declínio das vendas externas rumo à Argentina.
A balança do primeiro bimestre fechou com superávit de US$ 11,9 bilhões, ante US$ 4,9 bilhões de iguais meses de 2023, segundo dados divulgados ontem pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex/Mdic). Foram US$ 50,5 bilhões em exportações, com crescimento de receita de 17,4% ante o primeiro bimestre de 2023. As importações somaram US$ 38,6 bilhões, com alta de apenas 1%.
O aumento de exportação foi puxado por petróleo, minério de ferro e soja. Somados, petróleo e minério avançaram de 18,8% do total para 26% entre o primeiro bimestre de 2023 e iguais meses deste ano. A soja avançou de 7,7% para 8,7%. Juntas, as três commodities somaram US$ 17,54 bilhões em valor exportado no acumulado de janeiro e fevereiro de 2024, 53,7% a mais que os US$ 11,42 bilhões do primeiro bimestre de 2023.
Para Gabriela Faria, economista da Tendências, o setor extrativo deve manter destaque nas exportações de 2024. Há esperado aumento de produção para o petróleo no decorrer dos próximos anos e o minério de ferro, lembra ela, também conta com planos de expansão de produção doméstica nas regiões do Pará e de Minas Gerais. O aumento de produção, diz, deve sustentar a exportação.

Ela ressalta que tanto petróleo quanto minério de ferro tiveram aumento da quantidade embarcada no início deste ano. O volume exportado de petróleo e minério de ferro subiu 75,9% e 20,4%, respectivamente, no primeiro bimestre deste ano em relação a iguais meses de 2023.
Já a soja, diz Faria, veio com "resultado forte e peso relevante" em fevereiro, também puxado pela quantidade. "O grão neste ano deve ter safra importante, a segunda maior da série histórica, atrás apenas da do ano passado." Diferentemente de 2023, porém, avalia, a soja brasileira deverá sofrer concorrência do grão produzido em solo argentino e americano.
José Augusto de Castro, da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), diz que a maior oferta do grão em 2024 deverá afetar preços. "Como a expectativa é que os preços caiam, há antecipação dos embarques de soja", diz. Segundo dados da Secex, a receita de exportação de soja no primeiro bimestre foi de US$ 4,39 bilhões, 32,6% a mais que em iguais meses de 2023. A alta de volume embarcado do grão foi de 61,6%, mas com queda de 17,9% nos preços médios.
Lucas Barbosa, economista da AZ Quest destaca que as principais commodities mostram comportamento em sequência de 2023, com aumento de volume, embora com evolução heterogênea de preços, com queda na soja, e alta no minério de ferro. Segundo a Secex, o volume total embarcado pelo país no primeiro bimestre subiu 20,6% contra igual período de 2023 enquanto os preços caíram 2,8%.
"Em termos de parceiros comerciais, a Argentina aparece como destaque negativo", diz Rogério Mori, economista da Davos Investimentos. Os dados da Secex mostram que os embarques aos argentinos caíram 28% no primeiro bimestre contra iguais meses de 2023. A Argentina ficou no acumulado de janeiro e fevereiro com a menor fatia - de 3,4% - da exportação brasileira para o primeiro bimestre de toda série histórica desde 1997. As importações brasileiras de produtos argentinos também caíram, em 14,3%. Os resultados do comércio bilateral, diz Castro, da AEB, são reflexo da baixa demanda argentina e também das medidas de contenção de importações pelo país vizinho.
Considerando o desembolso com importações, a balança registrou no mês passado a primeira elevação (2,4%) desde março de 2023, nas comparações contra igual período do ano anterior. Um dos destaques, segundo o diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior da Secex, Herlon Brandão, foi o crescimento dos desembarques de bens intermediários, sinalizando maior apetite da indústria em fevereiro por insumos.
Faria, da Tendências, destaca que as importações tiveram influência de declínio de preços, que caíram 11,5%, e de aumento de volume, com alta de 13,2%, sempre considerando o primeiro bimestre deste ano contra igual período de 2023. Ela lembra que os preços já caíram no ano passado, com a correção da alta experimentada anteriormente em decorrência dos choques que vieram da pandemia de covid-19. "Os fretes voltaram a apresentar riscos ao fim do ano passado, com o conflito no Oriente Médio, mas o que se espera para este ano ainda é a redução de preços de importação." Ao mesmo tempo, diz, o volume de desembarques deve subir, como reflexo do crescimento do PIB, ainda que em desaceleração em relação a 2023.
A Tendências projeta superávit de US$ 85 bilhões para 2024. A AZ Quest espera saldo entre US$ 85 bilhões e US$ 90 bilhões. A projeção da AEB é de US$ 92,7 bilhões.
Fonte: Valor Econômico