
Transportadores uruguaios, representados pela entidade coirmã CATIDU - Câmara de Transporte Internacional do Uruguai - manifestaram forte rejeição à cobrança compulsória imposta aos caminhões no complexo de fronteira de Fray Bentos, após a concessão parcial do espaço à empresa CIEMSA, autorizada pelo Decreto nº 175/023.
Desde dezembro de 2024, a concessionária passou a cobrar 850 pesos uruguaios por caminhão, valor que incide inclusive sobre veículos vazios ou em trânsito, ainda que não utilizem efetivamente o estacionamento. O acesso ao local é obrigatório para cumprimento de trâmites alfandegários, o que torna o pagamento inevitável para os transportadores.
A CATIDU denuncia que essa cobrança representa um enriquecimento desproporcional da empresa privada, que teria investido cerca de US$ 14 milhões em obras e, considerando a média de 400 veículos de carga diários, pode arrecadar, ao longo dos 20 anos de concessão, mais de US$ 62 milhões apenas com os caminhões, além dos lucros provenientes da área de alimentação e do free shop do recinto, também contemplados na concessão.
Além disso, há um tratamento desigual: veículos particulares e ônibus têm tolerância de até 2 horas sem custo, enquanto os caminhões são cobrados desde o ingresso, sem qualquer período de isenção.
Diante disso, a entidade exige a revisão imediata do Decreto 175/023 e a eliminação do atual regime tarifário para o transporte de carga.
A CATIDU alerta que o transporte internacional não pode seguir arcando com custos extras que não refletem melhorias diretas à operação, e defende um modelo de concessão mais justo e equilibrado.
Tema foi abordado no SGT-5 pelo CONDESUL
Durante a última Reunião Ordinária do Subgrupo de Trabalho nº 5 (SGT-5) do Mercosul, o CONDESUL – conselho formado por entidades representativas do setor privado do Cone Sul, entre elas a CATIDU (Uruguai) e a ABTI (Brasil) – trouxe a cobrança em Fray Bentos como um dos temas de preocupação.
O conselho criticou o caráter unilateral, compulsório e oneroso da tarifa aplicada pela CIEMSA, considerada injusta e prejudicial por impor mais um custo ao transporte de cargas.
A ABTI volta a manifestar seu apoio ao pleito da CATIDU, visando proteger a competitividade do transporte rodoviário internacional.
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