
Nos dias 3 e 4 de junho, a ABTI participou da 67ª Reunião Ordinária do Subgrupo de Trabalho nº 5 (SGT-5) do Mercosul, realizada em Buenos Aires, sob a presidência temporária da Argentina. A delegação brasileira foi liderada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e o encontro contou com representantes de países membros e associados do bloco, além do setor privado.
Entre os principais temas debatidos, houve destaque para o avanço nas articulações em torno da revisão da Resolução GMC nº 65/08, que trata dos pesos e dimensões permitidos no transporte rodoviário internacional.
Comprimento de veículos: avanços concretos entre Brasil, Argentina e Chile
Houve um esforço encabeçado principalmente pelas delegações da Argentina, do Brasil e do Chile para que se avançasse nos pontos em que há maior consenso, nomeadamente o aumento do comprimento máximo permitido do conjunto caminhão trator e semirreboque de 18,60 metros atuais para 19,30 metros e das cegonheiras de 22,40 metros para 23 metros.
Embora Paraguai e Uruguai tenham alegado necessidade de mais estudos técnicos para validar tais alterações, as delegações interessadas acordaram em buscar acordos bilaterais ou multilaterais que viabilizem a adoção dos novos limites entre os países já dispostos a avançar.
Espera-se que, já em julho, durante a próxima Reunião Bilateral entre Brasil e Argentina, seja possível a formalização desses novos parâmetros — em especial para o comprimento do conjunto caminhão-trator e semirreboque.
Cegonheiras e taxa de tolerâncias
No caso das cegonheiras de 23 metros, o avanço enfrentava resistência por dúvidas quanto à relevância e aplicabilidade da alteração. No entanto, a ANTT apresentou uma análise técnica detalhada, demonstrando a viabilidade do modelo já praticado no Brasil, o que contribuiu para maior compreensão e aproximação de posições por parte dos demais países.
Também se chegou mais próximo a um consenso no tema das tolerâncias máximas permitida para o peso bruto total (PBT). Embora alguns países, como o Uruguai, considerem inviável a harmonização em 5% por questões estruturais e operacionais, avançou-se na perspectiva de um acordo para tolerância de 3%, valor já praticado naquele país.
Redução das multas do ATIT
Todas as delegações manifestaram apoio à entrada em vigor do acordo de 2019 que reduz pela metade o valor das multas em dólares previstas no Protocolo de Infrações e Sanções do ATIT. A proposta carece ainda da assinatura formal dos embaixadores perante a Associação Latino-Americana de Integração (ALADI).
Para destravar esse avanço, a ANTT também propôs que o acordo seja assinado de forma multilateral, com aplicação imediata das reduções, inclusive para multas ainda pendentes de resolução, o que beneficiaria ainda mais os transportadores. Argentina e Chile se mostraram receptivos à proposta, enquanto os demais países irão avaliar a possibilidade de adesão.
Caso venham a ser concretizados nos próximos meses, como é esperado, os acordos bilaterais e multilaterais a respeito desses temas podem impactar positivamente o setor