Economistas, analistas financeiros e especialistas de mercado analisaram o resultado eleitoral das prévias eleitorais argentinas (PASO 2023) com a vitória de Javier Milei nas urnas e as primeiras medidas do governo nacional e do Banco Central solicitadas pelo FMI.

O jornal Ámbito reuniu as opiniões dos especialistas para ajudar a compreender a realidade econômica que se avizinha, depois da desvalorização de 22% do dólar oficial e da subida da taxa de juro de referência em 21 pontos percentuais, levando-a para 118% para absorver pesos no mercado.

Christian Buteler, presidente da Buteler Servicios Financieros

"É uma decisão que arruinou quase quatro anos de um caminho diferente, que foi a desvalorização gradativa. Esse tipo de decisão tomada após uma eleição como as de ontem mostra a má gestão da política monetária, porque a política monetária deve ser independente das eleições", disse Buteler.

O especialista acrescentou que "se o Banco Central viu que a economia precisava de uma desvalorização, deveria ter aplicado antes e não esperar pelo resultado porque no meio tempo muitas reservas e muitos dólares se perderam para intervir, por exemplo, no mercado do dólar MEP ou para pagar as importações. Se eles achavam que o nível do dólar deveria ser esse, deveriam ter feito isso antes."

O que pode acontecer?, consultou Ámbito. "Isto obviamente vai produzir por um lado uma situação inflacionaria, e por outro lado, a suba de taxas poderá afetar ainda mais a atividade, em um segundo semestre onde a atividade vai ser afetada pelo tema da seca. Já tínhamos alguns números, algumas variáveis que ia dar mal, mas obviamente pela tração que a seca tem em outros setores. Mas em conclusão, estes últimos meses que virão serão de maior inflação por um lado e menor atividade, pelo outro".

Gustavo Ber, economista, titular do Estudio Ber

"A primeira leitura da PASO mostra um cenário de maior incerteza e volatilidade pelo menos até as eleições de outubro, com chances de se estender até novembro, o que continuaria promovendo uma dolarização sustentada e, simultaneamente, ativaria uma correção nos ativos financeiros, já que haviam descontando outros cenários eleitorais", disse o analista

Fernando Marull, sócio na FMyA
"Mais uma vez, a PASO gera um choque", diz o relatório Marull. O analista lembrou que as pesquisas apontavam 37% JxC, 32% UxP e Milei 20% e que o resultado foi diferente. "As pesquisas diziam 3 terços há 2 meses, não recentemente", disse ele. Além disso, ele observou que "as províncias não eram um bom indicador, onde Milei obteve apenas 4%".

Além disso, Marullo indicou que Kicillof venceu na Província de Buenos Aires PBA e Juntos pela Mudança fez uma boa escolha na CABA. "Em resumo: houve um" voto irado "que se refletiu na baixa participação (69% contra a média histórica de 78%), nenhuma estrutura foi votada (Milei venceu em 16 das 24 províncias e até onde ganhou governadores) e com uma mensagem clara de que a Argentina quer uma mudança". Para o analista, o Together for Change não era o veículo e essa mensagem foi canalizada por meio de Milei. "A votação para Milei (+30%) + JxC (+28,3%) obteve 58%, muito mais do que o esperado", afirmou.

Gustavo Quintana, contador público, Licenciado em Administração e operador de cambio em PR

"O Banco Central fez um importante ajuste no câmbio no atacado, provocando uma desvalorização que será acompanhada por uma forte alta na taxa de juros, de 22%. O câmbio permanecerá fixo até outubro, com o qual pretendem estimular a renda de dólares no oficial, vamos ver se eles conseguem isso", disse Quintana.

Aldo Abram, Diretor Executivo da Liberdade e Progresso

"Fizeram uma forte alta do dólar de varejo e consequentemente de todos os outros, para reduzir a demanda naqueles mercados, que a verdade não afeta tanto o nível de preços dos bens e serviços que são vendidos no exterior: o que você compra em as gôndolas, que movimentam o dólar no atacado, pode ser por isso que não vão aumentar e decidiram que quem compra com cartão, dólar turista, viaja para o exterior, pague mais em dólar para reduzir a demanda por dólares, porque estão ficando sem moeda estrangeira. O que receberam do FMI foi o valor estrito e necessário para pagá-los até novembro, que seria a próxima medição."

"Isso é melhor do ponto de vista da solvência do Banco Central do que do Imposto PAÍS, que era simplesmente arrecadação. Embora a demanda por moeda estrangeira do Banco Central tenha diminuído, o que foi bom, por outro lado, ele se apropriou de que um câmbio aumento de taxa que teria dado jeito para o Banco Central, porque na verdade ele está vendendo dólar de varejo por dólar de atacado, o resto são impostos, o que desestimula a queda da demanda, mas por outro lado está comprando dólar agrícola para vender ao dólar grossista com uma perda fenomenal que os títulos que o Governo lhes dá não cobrem, porque não são dados a valor de mercado, que é muito mais baixo. tudo isso, mas que o Banco Central fique pelo menos com a diferença".

Alfredo Romano, diretor da área de Economia e Finanças da consultora Romano Group

"A fraqueza do governo está começando a se materializar. Infalivelmente, este governo começou com o ajuste monetário que a Argentina teve que enfrentar. Minha visão é que o dólar oficial não se mantenha em US$ 350 até 23 de outubro, o que ainda não é um preço de equilíbrio. Mais ajuste será necessário", disse Romano.

"Agora é fundamental ver como será o vínculo do Fundo Monetário Internacional (FMI) com a Argentina. Lembremos que depois do PASO 2019, com a liquefação de poder de Mauricio Macri, o Fundo decidiu mexer e esperar para conversar com o nova equipe econômica", acrescentou.

Neste quadro, Romano assegurou que é "difícil saber" o que vai acontecer no curto prazo porque haverá muita volatilidade. "É aí que pode ocorrer overshooting. Não descartamos isso de nossa consultoria. A Argentina conseguiu quase 60% com líderes de direita pró-mercado. No curto prazo o ajuste começará, mas se os acordos necessários forem feitos entre La Libertad Aavanza e Juntos por el Cambio, a Argentina tem um futuro muito promissor em questões econômicas".

"O nosso país precisa inevitavelmente de reformar o tamanho do Estado, reformar a mão de obra na relação entre empresas e empregados e fazer a reforma monetária rumo a uma dolarização da sua moeda", concluiu.

Diego Pereira, analista da JPMorgan

"Mantemos o peso do mercado argentino em nosso portfólio do modelo EMBIGD, levando em consideração o aumento da incerteza que marcará o ritmo do processo eleitoral", disse o analista.

Ao mesmo tempo, ele projeta "uma pressão crescente sobre a taxa de câmbio, o que resultaria em um fosso cada vez maior entre o câmbio paralelo e o câmbio oficial".

Fonte: Ámbito

Imagem: Intagram @javiermilei

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