A perspectiva de aumento da carga tributária, juros altos, insegurança jurídica e a falta de investimentos em infraestrutura diminuíram a confiança do transportador rodoviário de cargas do Rio Grande do Sul no segundo trimestre. O levantamento, realizado desde março pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), mostra que o Índice CNT de Confiança do Transportador ficou em 46,3% na análise mais recente, contra 46,9% no primeiro trimestre.

Para calcular o índice, 321 empresas gaúchas foram entrevistadas sobre como avaliam a situação atual e quais as expectativas para os próximos seis meses na economia e na própria empresa em uma iniciativa da CNT com o apoio da Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas no Rio Grande do Sul (Fetransul). O resultado é calculado a partir das respostas a quatro questões: duas referem-se às condições atuais da empresa e da economia e duas são referentes às expectativas para os próximos seis meses.

No segundo trimestre, os transportadores gaúchos estavam mais pessimistas em relação às condições atuais do que no primeiro trimestre, com o índice que avalia esse quesito caindo de 38,9% para 36,8%, uma redução de 2,1 pontos percentuais. Uma das questões que mais preocupa os empresários é a elevação de impostos para o setor de serviços em decorrência da reforma tributária e os impactos sobre o segmento de transporte rodoviário.

Afrânio Kieling, presidente da Fetransul e membro do Conselho de Representantes da CNT, considera que a reforma da maneira como foi aprovada vai gerar aumento de custos nas operações. "E por conta da reforma tributária o transportador está um pouco inseguro quanto a fazer investimentos já que ainda não há um sinal do que o governo vai fazer, quais os caminhos e destinos do País, e isso gera um pouco de desconfiança no setor", avalia.

O presidente da Associação Brasileira de Transportadores Internacionais de Carga (ABTI), Francisco Cardoso, diz que, além do aumento de impostos, as empresas já sofrem com a alta taxa de juros, o que afeta os investimentos. "É um setor que demanda muito o investimento em frotas, e os juros altos impactam nas empresas. Estamos na expectativa que a economia possa melhorar no segundo semestre, mas ainda não sentimos na realidade medidas que possam ter a retomada do crescimento", afirma.

O presidente da ABTI reforça a essencialidade do transporte de cargas. "O setor não parou um dia na pandemia, enfrentou desafios - empresas e os motoristas -, para seguir atendendo a indústria, comércio, população e o nosso País. Se nós somos uma atividade considerada essencial na pandemia, devemos também ser considerados uma atividade essencial na reforma tributária, por isso não podemos ser oneradas. Devemos manter a carga tributária que mantemos hoje. Todos desejamos uma reforma tributária que simplifique, mas que não onere", ressalta.

A pesquisa da CNT reflete também a preocupação dos empresários de transportes de cargas sobre a insegurança jurídica. Cardoso cita as alterações feitas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em relação à Lei do Motorista, com mudanças na jornada de trabalho, descanso e fracionamento de intervalo. "As mudanças vão reduzir significativamente a capacidade de produção das empresas, além de aumentar os custos com horas extras. Estamos aguardando se vai ser retroativo ou não para ver o quanto impacta nas operações de transporte com relação à produtividade e custos, pois isso será repassado ao cliente, indústria, varejo, e consequentemente o consumidor final", teme Cardoso.

Entre as dificuldades enfrentadas pelo setor atualmente, Kieling cita a falta de infraestrutura, como pontos de parada para que os motoristas possam descansar e cumprir a jornada de trabalho e o custo elevado das praças de pedágio. "Os empresários não veem evolução na melhoria da infraestrutura, o que acaba gerando um pouco mais de custos para o setor", afirma.

Em relação às expectativas para os próximos seis meses, o índice que avalia a economia brasileira e a própria atividade das empresas aumentou no segundo trimestre, passando de 50,9% para 51,1%. Entre os pontos citados pelos entrevistados estão a perspectiva de maior estabilidade de preços dos combustíveis em função da alteração na política adotada pela Petrobras e a possibilidade de novas linhas de financiamento para o setor e renegociação de dívidas. Apesar de o governo ter lançado um programa de incentivos fiscais para a venda de carros, ônibus e caminhões no início do ano, o presidente da Fetransul diz que até o momento não há resultados na prática disso para o setor, e que o tema gera ainda uma grande expectativa se vai acontecer ou não.

Texto: Luciane Medeiros/JC
Imagem: Tânia Meinerz/JC

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